Neste ultimo fim de semana tive o privilégio de viajar de carro de São Paulo até Curitiba com um grande amigo, meu pastor Paulo de Tarso. Eu o reconheço como um homem dedicado, honesto, inteligente e que tem grande temor de Deus.
Durante as longas horas da nossa viagem de ida, ele me fez uma pergunta que exigiu mais do que uma resposta pronta, mas nos colocou em uma discussão conceitual e de apresentação de exemplos que conhecemos ou que um dia ouvimos falar.
Ele perguntou se nossos valores podem ser mudados. Aparentemente uma pergunta não muito complicada, mas com uma profundidade imensurável.
Durante a conversa percebemos que existem diversos ângulos por onde esta resposta poderia ser dada e baseada; logicamente, por ele ser um pastor experiente, encontramos diversos exemplos reais de pessoas que conhecemos que tiveram suas vidas mudadas depois que começaram andar no caminho de Deus, e certamente isto foi possível também por causa de novos valores que foram inseridos netas vidas; mas ainda não tínhamos algo palpável, principalmente com a questão empresa e pessoas.
Por exemplo, o que acontece com uma pessoa que começa a trabalhar em uma empresa que tem valores diferentes dos seus pessoais? Como esta pessoa desenvolverá seu trabalho e aplicará todo seu potencial em um negócio que tem valores divergentes dos seus?
Todos aprendemos que os valores são um conjunto de princípios ou crenças, que balizam ou servem de critérios para as tomadas de decisões de pessoas ou organizações.
Outras descrições de valores ainda englobam afirmações que eles são imutáveis ou inegociáveis, o que aparentemente torna todo o processo de crescimento e mudança muito complicado, ou até impossível de ser alcançado, visto que o crescimento provêm de mudanças e melhorias.
A teoria de valores nos leva a entender que não podemos determinar unilateralmente e de forma definitiva que um valor ou um conjunto deles é bom ou ruim, mas podemos determinar escalas baseadas em conceitos próprios ou de terceiros que eles tem alto ou baixo grau de importância. Isto é muito parecido com o conceito de beleza, justiça e bondade, dentre muitos outros.
Ninguém pode garantir, com 100% de segurança e assertividade, que alguém ganha nota 8 de beleza em seu conceito e também em todos os demais conceitos do mundo, pois isto é relativo a que você esta comparando e qual escala você utiliza. Não somos iguais e tivemos influências diferentes durante toda nossa vida.
No mundo que vivemos um indivíduo que vai trabalhar em uma empresa e encontra valores antagônicos aos seus, certamente encontrará dificuldades para desenvolver seu total potencial, mas o ser humano tem um enorme poder de adaptação e conseguirá se adaptar ao ambiente, a menos que existam outras oportunidades que se encaixem melhor no seu perfil ou os valores da instituição sejam totalmente de seus valores básicos.
Nunca iremos encontrar uma empresa que tenha 100% dos nossos valores e a contrapartida também é verdadeira, a menos que sua empresa seja você mesmo.
Escrevo este artigo com bastante cuidado, visto que uma variável importante na atitude humana é o momento, que engloba a condição atual das necessidades descritas por Abraham Maslow, quando ele elencou escalas na conhecida “Pirâmide de Maslow”.
Segundo o autor, existe uma escala de prioridades que quando unitariamente são preenchidas, em sua seqüência, remetem as pessoas a um novo nível de necessidades e consequentemente gerará novos valores por causa das necessidades.
Não obrigatoriamente os valores já preenchidos serão excluídos, mas novos serão acrescentados a lista pessoal e as prioridades certamente mudarão.
Então a resposta é: Sim, nossos valores podem mudar, mas isto não é bom e nem ruim. O importante é que os seus valores estejam coerentes com suas necessidades e anseios.